Somos Natureza



Somos Natureza
a Visão de um Povo Evoluído
Este é mais um texto para aquecer nosso coração.
Esta semana eu saí para assistir um dos filmes da Mostra Ecofalante de Cinema e encontrei na tela a versão mais linda dos verdadeiros brasileiros.
[Brasileiros de verdade, sabe? Aqueles que já estavam aqui, em harmonia com a terra, em harmonia com a floresta, antes dos europeus chegarem. Sabe?]
Um povo de pura resistência que tem mulheres fortes em sua liderança, que pinta seu corpo e se relaciona com a floresta de uma forma ainda mais profunda do que a gente daqui, da cidade, consegue conceber.
Para o povo Munduruku, não existe separação entre os humanos e a floresta.
Mas até aí eu já conseguia imaginar. O que fez minhas sobrancelhas levantarem foi ouvir sua mitologia.
Suas histórias contam, uma em seguida da outra, como o planeta foi criado - como é a presença de todos os seres o que mantém o equilíbrio da Terra - e como a destruição da natureza pode fazer o planeta cair;
Como o rio foi criado - e por isso o Tapajós tem suas águas cinzentas;
E como, por uma razão ou outra, cada animal da floresta é na verdade o descendente de um integrante da tribo que se metamorfoseou no passado.
Suas tias viraram porcos. Suas mulheres viraram peixes…
Por isso, a cada pesca e a cada caça, eles recebem seus próprios ancestrais se apresentando para nutrir e manter o povo. "Eles comem eles mesmos".
A vida alimenta a vida.
E fazem isso com todo o respeito. Porque tudo é parte deles e eles são parte de tudo.
Não existe separação nenhuma entre as pessoas e todo o resto da floresta. Não existe 'o povo e a natureza'. Todos são um só.
Todos somos um só.
Com suas peles pintadas e com seus pés na terra, as mulheres da floresta estão usando a tecnologia, essa coisa que é tanto boa quanto destruidora, para defender seus direitos, perpetuar a sua história e levar seus valores para gente como a gente, aqui da selva de pedra.
Por essas e por muitas outras, o filme Mundurukuyü - A Floresta das Mulheres Peixe é emocionante, lindo e poético, e vale a pena assistir.
[Você pode verificar se ele não está sendo exibido em alguma mostra ou online neste momento mesmo :]
Mundurukuyü - A Floresta das Mulheres Peixe
MUNDURUKUYÜ - forest of the fish women
Brasil, 2025, 75
Aldira Akay, Beka Munduruku, Rilcélia Akay
Nas margens do Tapajós, no Pará, a floresta das mulheres peixe espelha a mitologia Munduruku, onde humanos, na origem do mundo, se transformaram em floresta, plantas e animais. No dia a dia da aldeia Sawre Muybu, os espíritos da floresta não são apenas forças espirituais ancestrais, mas parte da família.
Bora Plantar Luz!
Turi
P.S.
Sobre expansão, evolução, desenvolvimento da consciência:
Em seu livro A Visão Integral, o filósofo Ken Wilber fala sobre os níveis (estágios) de desenvolvimento da consciência.
Na sua consciência primária, o homem só pensa nele mesmo. É um nível em que o homem se vê separado de tudo e de todos, portanto é individualista e focado na sobrevivência.
O próximo nível é de "eu e os meus". O homem evolui do estágio de só pensar em si mesmo e começa a incluir os outros.
Inclui primeiro os mais próximos - "eu e minha família" - e é desses que vai cuidar, considerar, proteger. Se sente separado do resto.
Evoluindo mais um pouquinho, inclui "eu, os meus e os que são como nós". Neste nível, o homem inclui o grupo do qual se sente parte - os que torcem para o mesmo time, os que tem o mesmo tom de pele, os que são do 'meu' país. - É neste terceiro nível que se encontra a maior parte das pessoas do mundo hoje. É o "normal".
No quarto nível, o homem evolui para incluir toda a humanidade.
Você percebe o estágio de consciência do povo Munduruku? Sua família são todos os seres do (seu) mundo. (Nem só os humanos, todos os seres!)
O que é ser um povo evoluído?
E o que mais podemos aprender com eles?
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